Jumentos são animais resistentes, mas sua população no Brasil caiu 94% nas últimas décadas.

Risco de extinção dos jumentos no Brasil: 94% da população desapareceu

Em apenas três décadas, o Brasil perdeu 94% dos seus jumentos. A espécie corre risco real de extinção até 2030. Descubra como o tráfico de peles, o abandono em massa e o mercado asiático estão dizimando silenciosamente esse animal símbolo do sertão e da história rural brasileira.

O risco de extinção dos jumentos: um alerta invisível

Durante séculos, os jumentos foram parceiros indispensáveis nas regiões rurais. Resistentes, econômicos e adaptados ao clima semiárido, eram usados no transporte, na lavoura e na rotina do sertanejo. No entanto, nos últimos 30 anos, sua presença praticamente sumiu. E com isso, cresce o alerta: o risco de extinção dos jumentos no Brasil é iminente.

Risco de extinção dos jumentos
Segundo pesquisadores, o jumento corre o risco de extinção

Uma queda populacional devastadora

Brasil perdeu 94% da população de jumentos

Dados recentes publicados pela Forbes Brasil (junho de 2025) revelam que o país perdeu cerca de 94% da população de jumentos desde 1996. Em números: passamos de 1,37 milhão de animais para apenas 78 mil em 2025. O ritmo da queda é tão acelerado que, segundo especialistas, a espécie pode desaparecer completamente até 2030.


O que está por trás desse desaparecimento?

1. O tráfico de peles e a indústria do ejiao

A maior ameaça atual vem da indústria chinesa de produtos tradicionais. O ejiao, um colágeno derivado da pele do jumento, é usado em medicamentos e cosméticos na Ásia. A pele de cada animal pode render até US$ 4 mil.

De acordo com a ONG The Donkey Sanctuary, cerca de 248 mil jumentos foram abatidos no Brasil entre 2018 e 2024. A maioria em frigoríficos baianos licenciados pelo SIF, voltados exclusivamente à exportação.


2. Abandono em massa nas zonas rurais

Com a chegada de motos e tratores, os jumentos foram substituídos como meio de transporte e força de trabalho. O que fazer com eles? Para muitos donos, a resposta foi simples: abandoná-los.

Hoje, é comum ver jumentos vagando por estradas no sertão, desnutridos, doentes ou feridos. Eles se tornaram invisíveis aos olhos do poder público e da sociedade.


3. Ausência de políticas públicas

Mesmo diante de números alarmantes, o Estado brasileiro tem falhado em criar políticas eficazes de proteção. Há projetos de lei tramitando no Congresso (PL 2.387/2022) e na Assembleia da Bahia (PL 24.465/2022) para proibir o abate de jumentos, mas ambos estão parados. Sem uma ação firme e urgente, o risco de extinção dos jumentos segue aumentando.


O alerta dos cientistas

Durante o 3º Workshop Internacional “Jumentos do Brasil: Futuro Sustentável”, realizado em Maceió em junho de 2025, o professor Pierre Escodro, da UFAL, apresentou projeções alarmantes: se nada mudar, o jumento estará extinto no Brasil até 2030.

O evento contou com o lançamento do relatório Stolen Donkeys, Stolen Futures e da campanha global Stop The Slaughter, que pede o fim imediato dos abates e maior fiscalização internacional.


Por que o jumento é tão importante?

Mesmo em queda, o jumento tem um papel essencial na natureza e na cultura:

  • Ambiental: controla vegetação e ajuda a manter equilíbrio em ecossistemas semiáridos.
  • Cultural: símbolo do Nordeste, está presente em músicas, festas, ditos populares e literatura de cordel.
  • Histórico: foi animal de carga em civilizações antigas e aparece em passagens bíblicas.
  • Econômico: ainda é usado por populações vulneráveis, em regiões onde veículos motorizados não chegam.

Fatos curiosos sobre os jumentos

  • São mais resistentes ao calor do que cavalos.
  • Consomem menos água e sobrevivem em regiões semiáridas.
  • São mais inteligentes e cautelosos do que aparentam: a “teimosia” é, na verdade, um instinto de autoproteção.
  • Foram domesticados há mais de 5 mil anos no norte da África.

Caminhos para evitar a extinção

O risco de extinção dos jumentos pode ser revertido com ações coordenadas e urgentes:

  1. Aprovar leis contra o abate e o tráfico de peles.
  2. Criar centros de acolhimento e santuários.
  3. Educar a população sobre o valor ambiental e cultural do jumento.
  4. Exigir rastreabilidade de frigoríficos e punições severas para abates ilegais.
  5. Incentivar alternativas ao ejiao, como colágeno sintético.

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Referências do texto e das imagens

Brasil já perdeu 94% da população de jumentos — e risco de extinção é iminente
Fonte: Forbes Brasil

Crise dos jumentos no Brasil: por que o animal símbolo do sertão está sumindo
Fonte: BBC News Brasil

Demanda por pele de jumento coloca espécie africana em risco
Fonte: BBC News

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