Gatos e suas sete vidas: mito ou verdade científica?

Como um animal doméstico ganhou fama de imortal? A ideia de que os gatos têm sete vidas atravessa culturas, mas será que a ciência explica essa resistência felina? Descubra os fatos por trás do mito e por que os gatos parecem sempre escapar ilesos.

Por que os gatos parecem indestrutíveis?

É comum ouvir que certos animais têm sete vidas. A expressão sobrevive ao tempo, atravessa culturas e aparece em ditados populares e histórias curiosas. Mas o que faz esse mito se sustentar por tanto tempo? Será apenas exagero ou eles realmente possuem algo especial em sua biologia e comportamento? Vamos explorar esse enigma entre o folclore e a ciência.

Origem da crença: por que sete vidas?

A expressão “sete vidas” é muito mais do que um ditado popular — ela reflete uma construção simbólica que atravessa séculos e diferentes civilizações. Mas por que justamente sete? E por que essa associação?

Gato e a símbologia das sete vidas

O número sete: símbolo místico universal

O número sete tem um lugar especial em diversas culturas. Na antiguidade, era considerado sagrado. Veja alguns exemplos:

  • Na tradição judaico-cristã, o mundo foi criado em seis dias, e no sétimo, Deus descansou — marcando a ideia de um ciclo completo.
  • Na numerologia, representa introspecção, sabedoria e espiritualidade.
  • Na astrologia antiga, sete eram os astros conhecidos: Sol, Lua, Marte, Mercúrio, Júpiter, Vênus e Saturno.
  • Na literatura e nas artes, sete é recorrente: os sete sábios da Grécia, os sete pecados capitais, as sete maravilhas do mundo, as sete cores do arco-íris.

Ou seja, o número carrega uma simbologia de perfeição e mistério, atributos que combinam com a aura enigmática desses felinos — animais historicamente vistos como intuitivos, independentes e difíceis de decifrar.

O gato como figura mística e sobrenatural

Desde o Antigo Egito, os gatos eram reverenciados. A deusa Bastet, por exemplo, era representada como uma mulher com cabeça de gato e era associada à proteção, fertilidade e ao lar. Matar um gato podia ser punido com a morte.

Na Idade Média, porém, a imagem dos gatos mudou drasticamente. Eles passaram a ser vistos como companheiros de bruxas, suspeitos de carregar espíritos malignos. Essa ambivalência — entre o sagrado e o demoníaco — reforçou o misticismo ao redor do animal.

Atribuir múltiplas vidas a criaturas com traços “sobrenaturais” era uma forma de explicar sua sobrevivência improvável. Os gatos, por escaparem de situações aparentemente fatais, tornaram-se um símbolo ideal para isso.

A origem oral e a tradição popular

Com o passar do tempo, essas crenças se consolidaram por meio da tradição oral. Expressões como “gato tem sete vidas” surgiram espontaneamente em vilas, feiras, tabernas e casas de família como explicações populares para a resiliência felina. Quando um gato caía de um telhado e saía andando, a reação era quase unânime: “Está na segunda vida!”

A contagem de vidas virava uma brincadeira entre as pessoas, algo entre superstição e encantamento. Em tempos em que a ciência ainda não explicava quedas, elasticidade ou anatomia felina, essas crenças se tornavam verdades aceitas culturalmente.

Variações culturais: nem sempre sete

Curiosamente, o número de “vidas” dos gatos varia de acordo com o país:

  • Na maioria dos países latinos e na Espanha, os gatos têm sete vidas.
  • Nos países anglófonos, como Inglaterra e Estados Unidos, o número sobe para nove. A explicação? O número nove também possui forte carga simbólica (como os nove meses da gestação humana e os nove círculos do inferno na Divina Comédia).
  • Em regiões do Oriente Médio, há versões em que os gatos possuem seis vidas, talvez pela simbologia islâmica ou pelo valor distinto atribuído ao número seis na tradição árabe.

Essas diferenças mostram que o mito se adapta à cultura local, mas sempre mantém a mesma essência: os gatos são vistos como criaturas quase sobrenaturais, dotadas de uma resiliência incomum.


O que diz a ciência?

Apesar do simbolismo, há fundamentos científicos para a fama de sobreviventes.

Corpo flexível e bem adaptado

  • Reflexo de endireitamento: conseguem ajustar o corpo no ar durante uma queda, reduzindo o impacto.
  • Ossos maleáveis: possuem vértebras elásticas e clavículas não ligadas ao esqueleto principal, o que aumenta sua mobilidade.
  • Centro de gravidade baixo: favorece o equilíbrio e reduz danos em acidentes.
  • Resistência cardiovascular: suportam melhor o estresse físico extremo.

Essas características explicam por que esses felinos frequentemente saem ilesos de situações perigosas.

Histórias reais que alimentam o mito

O caso do “gato paraquedista”: em 2012, um felino sobreviveu a uma queda do 32º andar em Nova York com apenas ferimentos leves.

Outro caso marcante: na Flórida, um animal foi atropelado, declarado morto, enterrado… e reapareceu na porta de casa cinco dias depois. Muito ferido, mas vivo. Fatos como esses alimentam a ideia das sete vidas.


Casos reais que reforçaram o mito

O caso do “gato paraquedista”

Em 2012, um gato em Nova York caiu do 32º andar de um prédio e sobreviveu com pequenas lesões. Os veterinários atribuíram a sobrevivência à habilidade de relaxar o corpo durante a queda, um comportamento que reduz o impacto.

Outro exemplo marcante

Na Flórida, um gato foi atropelado, declarado morto, enterrado… e reapareceu cinco dias depois na porta da casa da dona. Apesar de estar muito ferido, ele sobreviveu. Casos como esse alimentam a ideia de que gatos escapam da morte repetidamente.


Curiosidades sobre a fama felina

1. Já existiram gatos premiados por “imortalidade”

Alguns gatos famosos sobreviveram a tantos acidentes que acabaram virando celebridades locais, ganhando apelidos como “Lázaro felino”.

2. Gatos podem sobreviver a longos períodos presos

Existem relatos de gato(s) encontrados vivos em contêineres lacrados, garagens fechadas e até muros por semanas, graças à sua capacidade de reduzir o metabolismo e sobreviver com pouca comida.

3. A fama de sobreviventes está nos genes

Pesquisas genéticas mostram que os gatos possuem um sistema imunológico forte e bem adaptado à vida urbana, o que aumenta sua resistência a doenças comuns.


A psicologia por trás do mito dos gatos sete vidas

Há também uma explicação comportamental para a persistência do mito: os gatos são animais extremamente cautelosos, silenciosos e observadores. Eles evitam confrontos desnecessários e raramente se colocam em perigo, o que cria a impressão de que estão sempre um passo à frente da morte.

Além disso, sua personalidade misteriosa e seus hábitos noturnos alimentam o imaginário popular.


Reflexão final: resistência não é imortalidade

A ideia de múltiplas vidas pode até não ser literal, mas reflete bem a capacidade dos gatos de enfrentar e sobreviver a situações que matariam outros animais. É importante, porém, lembrar que eles não são invencíveis — cuidados veterinários e prevenção de acidentes continuam sendo essenciais.


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Referências

Os fatos por trás das “nove vidas” dos gatos
Fonte: Petplan

A origem da crença nas nove vidas felinas
Fonte: Petmate

De onde vem a ideia dos gatos terem nove vidas?
Fonte: Petrebels

Gatos têm 7 ou 9 vidas? O que dizem a cultura e a ciência
Fonte: DarkSide

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