O Triângulo das Bermudas: onde a lógica naufraga
O Triângulo das Bermudas ocupa uma área lendária do oceano que, para muitos, representa um ponto fora da curva na ciência moderna. Entre Miami (EUA), San Juan (Porto Rico) e Ilha de Bermuda, forma-se uma área imaginária marcada por sumiços misteriosos de embarcações e aeronaves. A fama vem de décadas de histórias assustadoras, teorias conspiratórias e investigações frustradas.
Mas será que há algo realmente fora do comum nesse trecho do oceano, ou tudo não passa de coincidência e sensacionalismo?
Onde exatamente fica o Triângulo das Bermudas?
Apesar de não existir oficialmente em mapas, o Triângulo das Bermudas é amplamente conhecido por abranger cerca de 1,1 milhão de quilômetros quadrados no Atlântico Norte. Os três vértices mais aceitos são:
- Miami, Flórida (EUA)
- San Juan, Porto Rico
- Ilha de Bermuda
A área está sobre rotas comerciais intensas e, curiosamente, não apresenta reconhecimento como zona de risco por órgãos internacionais como a Organização Hidrográfica Internacional.

O nascimento de um mito
O primeiro registro de algo estranho na região veio do próprio Cristóvão Colombo, que relatou luzes dançantes no céu e bússolas com comportamento irregular durante sua travessia para o “Novo Mundo”. Mas foi só em meados do século XX que a expressão “Triângulo das Bermudas” entrou para o imaginário popular.
O jornalista Vincent Gaddis, em 1964, publicou um artigo que reunia diversos casos de desaparecimentos misteriosos na região, lançando o termo e ajudando a propagar o mito.
7 fatos surpreendentes sobre o Triângulo das Bermudas
1. Ele não é oficialmente reconhecido
Apesar de sua fama mundial, o Triângulo das Bermudas não é reconhecido oficialmente por nenhuma organização científica ou marítima internacional. Nem a Organização Hidrográfica Internacional, nem os serviços geológicos dos Estados Unidos consideram essa área como diferente de outras regiões oceânicas do planeta. O governo dos EUA declarou publicamente que não há evidências de fenômenos anormais que justifiquem o medo ou o misticismo em torno do local.
Além disso, não existem alertas específicos para navegadores sobre riscos incomuns na área, diferentemente de zonas conhecidas por atividade sísmica ou climática severa, como o Círculo de Fogo do Pacífico. Ainda assim, o termo continua popular na mídia e na cultura pop, o que mantém a aura de mistério mesmo sem respaldo institucional.
2. O Voo 19 continua sem explicação
O caso mais emblemático envolvendo o Triângulo das Bermudas aconteceu em 5 de dezembro de 1945. Um esquadrão composto por cinco aviões torpedeiros Avenger da Marinha dos EUA, chamado de Voo 19, desapareceu durante uma missão de treinamento. Antes de sumir, o comandante relatou por rádio:
“Tudo parece estranho, até o oceano. Estamos entrando em águas brancas. Nada parece certo.”
Os aviões voavam com visibilidade reduzida e bússolas defeituosas, o que gerou confusão na navegação. Horas depois, um hidroavião enviado para a missão de resgate também desapareceu com 13 tripulantes.
Nenhum destroço foi encontrado, e o relatório final classificou o caso como “causa desconhecida”. A ausência de evidências físicas e a perda de dois grupos de aviadores em um mesmo dia intensificaram a fama mística da região.
3. O navio USS Cyclops desapareceu com 309 pessoas
Em março de 1918, durante a Primeira Guerra Mundial, o navio cargueiro USS Cyclops partiu de Barbados com destino a Baltimore transportando 10 mil toneladas de minério de manganês. A bordo, estavam 309 pessoas entre tripulantes e passageiros. O navio nunca chegou ao destino e nenhum pedido de socorro foi emitido.
O USS Cyclops era uma embarcação moderna para a época, com quase 170 metros de comprimento. A Marinha investigou diversas possibilidades: sabotagem, ataque inimigo, tempestade. Mas nenhuma foi confirmada. O sumiço é até hoje considerado o maior desaparecimento naval da história dos EUA fora de combate, e por isso, é frequentemente citado como um dos pilares do mistério do Triângulo.
Curiosamente, dois navios irmãos do Cyclops, o Proteus e o Nereus, desapareceram anos depois também em rotas próximas, ampliando as suspeitas.
4. Bolhas de metano podem afundar embarcações
Em 2016, cientistas da Universidade de Leeds, no Reino Unido, publicaram estudos que mostram como depósitos de gás metano congelado no fundo do Atlântico podem entrar em erupção, formando enormes bolhas que desestabilizam a água ao redor.
Quando essas bolhas chegam à superfície, diminuem a densidade da água, fazendo com que um navio simplesmente perca sua flutuabilidade e afunde rapidamente. O fenômeno seria silencioso, repentino e deixaria poucos rastros.
Essas chamadas “erupções frias” são conhecidas em diversas partes do mundo, especialmente em regiões com acúmulo de hidratos de gás, como o norte da Sibéria. A existência dessas formações no fundo do Triângulo das Bermudas torna essa uma das hipóteses científicas mais plausíveis para os sumiços inexplicáveis.
5. A Corrente do Golfo esconde os destroços
A Corrente do Golfo é uma corrente oceânica quente que flui do Golfo do México em direção ao norte do Atlântico. Ela é extremamente rápida — em alguns pontos, a água flui a quase 10 km/h, o que é mais rápido que a maioria das correntes oceânicas do mundo.
Isso significa que qualquer objeto ou embarcação à deriva na região pode ser levado por centenas de quilômetros em poucas horas, antes que qualquer resgate ou operação de busca comece. Além disso, destroços podem ser soterrados rapidamente no fundo do oceano, que é profundo e pouco mapeado na região.
Essa característica da corrente oceânica pode explicar por que tantos desaparecimentos não deixam vestígios, o que colabora com a mística de que “simplesmente somem”.
6. O Triângulo é uma das áreas mais traficadas do planeta
Ao contrário do que muitos imaginam, o Triângulo das Bermudas não é uma área evitada. Na verdade, trata-se de uma das regiões mais movimentadas do mundo, tanto em rotas aéreas quanto marítimas. Estima-se que mais de 100 mil navios e aviões comerciais cruzem a área todos os anos.
A presença constante de embarcações, cruzeiros, cargueiros e aeronaves de passageiros aumenta naturalmente o número de acidentes, mas também melhora a coleta de dados e a resposta rápida a emergências.
Especialistas apontam que, estatisticamente, a taxa de acidentes é semelhante ou inferior à média global — o que levanta a hipótese de que a fama do Triângulo seja mais um fenômeno midiático do que físico.
7. A teoria de Atlântida permanece viva
Desde os escritos de Platão, em 360 a.C., a cidade de Atlântida instiga o imaginário coletivo. Segundo o filósofo grego, Atlântida foi uma civilização tecnologicamente avançada que teria desaparecido no oceano. Muitos entusiastas e teóricos acreditam que ela estaria submersa sob o Triângulo das Bermudas.
A teoria ganhou força no século XX, com livros como “The Atlantis Blueprint” e diversos documentários de TV. Alguns sugerem que tecnologias atlantes, como cristais de energia, seriam responsáveis por interferências magnéticas na região, provocando a pane de equipamentos eletrônicos e a desorientação de tripulações.
Embora não existam evidências arqueológicas que sustentem essa hipótese, a ideia continua popular e costuma ser revisitada sempre que novos desaparecimentos ocorrem na área.
Casos reais além do Voo 19
Navio Carroll A. Deering (1921)
Encontrado à deriva e vazio, o navio intrigou as autoridades. Tudo dentro estava intacto — exceto a tripulação, que jamais foi encontrada.
Star Tiger e Star Ariel
Dois aviões comerciais britânicos desapareceram na região em 1948 e 1949, respectivamente. O caso chamou atenção por envolver comunicação normal até o último instante.
Explicações científicas mais aceitas
Anomalias magnéticas? Só em parte
Alguns relatos sobre falhas de bússolas podem ser explicados por zonas naturais de variação magnética, onde o Norte magnético e o Norte geográfico coincidem. No entanto, essas zonas são bem conhecidas e mapeadas, não justificando tantos desaparecimentos.
Tempestades repentinas e microexplosões
Fenômenos meteorológicos como tempestades tropicais, ciclones e microexplosões atmosféricas (downbursts) podem surgir de forma abrupta, derrubando aviões e virando embarcações em questão de minutos.
Erro humano: o fator mais ignorado
Boa parte dos especialistas aponta que falhas humanas e mecânicas são a principal causa da maioria dos desaparecimentos. Em regiões com muito tráfego, como o Triângulo, acidentes são mais visíveis e documentados.
Curtiu esse mistério?
Se você se interessa por enigmas, teorias e eventos que desafiam a lógica, explore mais em nosso site:
Baba Vanga e suas profecias
A ilusão chamada pareidolia
Nikola Tesla e os arquivos secretos
O satélite Cavaleiro Negro
A Zona do Silêncio no México
Descubra outros conteúdos enigmáticos na categoria Mistérios.
Referências do texto e das imagens
O que é o Triângulo das Bermudas?
Fonte: NOAA – Administração Oceânica e Atmosférica dos EUA
Crianças curiosas: o que é o Triângulo das Bermudas e por que ele é considerado perigoso?
Fonte: The Conversation
Mistério do Triângulo das Bermudas resolvido? Meteorologista diz que não é provável
Fonte: NBC News