Representação artística da sinestesia

O que é sinestesia e como se “vê” o som?

Você já imaginou ouvir uma música e ver cores ao mesmo tempo — não em um clipe ou projeção, mas dentro da sua mente? Algumas pessoas vivem exatamente assim. Esse fenômeno surpreendente, chamado sinestesia, desafia nossa compreensão tradicional dos sentidos. Quem tem essa condição literalmente “vê sons”, “ouve cores” ou até “saboreia palavras”. Parece ficção, mas é pura neurociência. E é mais comum do que se pensa.

O que é sinestesia?

É uma condição neurológica rara em que dois ou mais sentidos se misturam involuntariamente. Em vez de serem processados separadamente, os estímulos sensoriais se cruzam, gerando experiências únicas. Por exemplo, ao ouvir uma nota musical, a pessoa pode enxergar uma cor específica — sempre a mesma — ou sentir um sabor ao ler determinadas palavras.

É importante destacar que não se trata de uma metáfora ou de algo imaginado. Para os sinestetas, essas percepções são tão reais quanto o som de uma buzina ou o cheiro do café.

sinestesia
Representação de sinestesia

Como funciona a sinestesia no cérebro?

Estudos com exames de ressonância magnética funcional mostram que, em pessoas com sinestesia, áreas cerebrais de sentidos diferentes se ativam simultaneamente. Isso sugere que conexões incomuns entre regiões sensoriais podem ser a causa da mistura de percepções.

Por exemplo, ao ouvir um som, o córtex auditivo se ativa — o esperado. Mas, no caso de um sinesteta que “vê sons”, o córtex visual também é ativado, provocando a experiência de enxergar cores ao escutar.

Alguns pesquisadores acreditam que todos nós nascemos com essas conexões cruzadas, mas que elas se “podam” com o tempo em cérebros típicos. Nos sinestetas, essas ligações permanecem ativas.


Quais os tipos mais comuns de sinestesia?

Existem mais de 60 tipos descritos, mas os mais comuns são:

  • Som-cor (cromestésica): a pessoa vê cores ao ouvir sons, como notas musicais ou vozes.
  • Grafema-cor: números, letras ou palavras são automaticamente percebidos com cores específicas.
  • Léxico-gustativa: palavras evocam sabores.
  • Espacial-sequencial: datas ou números são visualizados com posições específicas no espaço mental.

Essas experiências costumam ser consistentes ao longo da vida. Por exemplo, uma letra “A” que aparece vermelha para uma pessoa continuará vermelha mesmo décadas depois.


Sinestesia é uma doença?

Não, não é considerada uma doença nem um transtorno neurológico. Pelo contrário: muitas vezes, é associada à criatividade, à memória aprimorada e até a talentos artísticos. Pessoas sinestetas geralmente veem sua condição como uma vantagem ou uma curiosidade da mente — não como um problema.


Casos reais e famosos

Vários artistas, músicos e escritores relataram experiências sinestésicas:

  • Kandinsky, o pintor russo, via cores ao ouvir música — e usava isso em suas composições visuais.
  • Pharrell Williams, cantor e produtor, afirma ver cores em cada nota musical.
  • Lorde, cantora neozelandesa, disse que associa cores a músicas e usa isso na hora de compor.
  • Franz Liszt, compositor clássico, dava instruções como “tocar mais azul” durante ensaios — confundindo músicos que não compartilhavam sua sinestesia.

Curiosidades sobre sinestesia

  • Estima-se que de 2% a 4% da população mundial tenha algum tipo de sinestesia.
  • É mais comum em mulheres do que em homens.
  • Pode ser hereditária, embora o padrão genético ainda não esteja totalmente claro.
  • Sinestetas costumam perceber sua condição desde a infância, mesmo que só descubram o nome disso mais tarde.
  • Alguns testes online e neurológicos podem ajudar a identificar se você tem sinestesia — mas os autênticos sinestetas são extremamente consistentes nas respostas.

Conclusão

A sinestesia é uma das janelas mais fascinantes para a diversidade do cérebro humano. Ver sons, sentir sabores em palavras ou dar cores às letras não são distorções da realidade — são formas alternativas e legítimas de perceber o mundo. Ao entender essa condição, ampliamos nossa visão sobre os sentidos e sobre a incrível complexidade do cérebro.

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Referências

Sinestesia – Conceito, tipos e como funciona.
Fonte: Psychology Today

O que é sinestesia?
Fonte: Scientific American

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