Retrato realista de Ragnar Lothbrok

Ragnar Lothbrok: A lenda, os feitos e a verdade

Ragnar Lothbrok foi um dos guerreiros vikings mais famosos da história, mas será que ele realmente existiu? Sua lenda foi imortalizada em sagas, poemas e, mais recentemente, na cultura pop, com a série Vikings. Neste artigo, vamos explorar sua trajetória, suas conquistas e o impacto real que ele teve na história da Escandinávia e da Europa.

Ragnar Lothbrok: Entre a Lenda e a História

A figura multifacetada de Ragnar Lothbrok

Ragnar Lothbrok é uma das personalidades mais complexas da tradição nórdica. Embora muitas vezes tratado como um herói único, o nome pode representar uma fusão de figuras históricas distintas que atuaram entre os séculos VIII e IX — período marcado pela transição da Escandinávia tribal para estruturas políticas mais centralizadas.

Ragnar Lothbrok
Ragnar Lothbrok – Entre a Lenda e o personagem

A Escandinávia no século IX: o contexto da lenda

Durante o auge das invasões vikings (793–1066), a Escandinávia não era um conjunto de nações unificadas, mas sim um mosaico de clãs, chefes de guerra e pequenas monarquias. A transmissão oral de feitos heroicos era comum, e nomes como Ragnar podiam servir como arquétipos para representar líderes idealizados.

Além disso, o século IX viu:

  • A ascensão dos reinos francos sob Carlos Magno e seus sucessores;
  • A instabilidade política nos reinos anglo-saxões da Inglaterra (Mercia, Wessex, Nortúmbria);
  • O início da conversão cristã dos escandinavos, que transformaria as tradições culturais.

Ragnar Lothbrok como personagem das sagas

As principais fontes literárias sobre Ragnar são:

  • Ragnars saga loðbrókar (Saga de Ragnar Calças Peludas) – escrita na Islândia no século XIII, é uma epopeia heróica com elementos míticos.
  • Krákumál – um poema escáldico atribuído ao próprio Ragnar antes de sua morte, exaltando seus feitos.
  • Tale of Ragnar’s Sons (Conto dos Filhos de Ragnar) – descreve a vingança dos filhos após a execução do pai.

Esses textos foram compilados em um contexto cristão e distante no tempo dos eventos narrados, o que levanta questões sobre sua precisão histórica.


A possível base histórica: Reginherus e outros líderes

Vários historiadores sugerem que Ragnar pode ser uma construção literária baseada em figuras como:

Reginherus (†845)

Mencionado nos Anais de Saint-Bertin como o comandante viking que sitiou Paris. As semelhanças com Ragnar são evidentes:

  • Ataque ao coração do Império Carolíngio;
  • Retirada mediante pagamento (danegeld);
  • Morte pouco depois do saque.

Ragnall ua Ímair (†920)

Chefe do Império Viking de Dublin, neto de Ímar (possivelmente Ivar). Seu nome reforça a linhagem mitológica e a tradição de poder viking na Irlanda.

Rollo da Normandia (†927)

Embora não existam evidências de que Rollo fosse filho ou irmão de Ragnar, ele fundou a dinastia normanda após receber terras na região da Normandia do rei Carlos, o Simples. Na série Vikings, Rollo é retratado como irmão de Ragnar — uma licença criativa sem base histórica, usada para fortalecer a narrativa dramática.


Expedições atribuídas a Ragnar e seus filhos

A invasão de Paris (845)

  • Fontes históricas: Anais de Saint-Bertin.
  • Tática: Ragnar navegou pelo Sena até Paris com cerca de 120 navios.
  • Resultado: Vitória viking e pagamento de 7 mil libras de prata para que se retirassem.

Campanhas na Inglaterra

A invasão dos filhos de Ragnar (o chamado Grande Exército Pagão, 865) resultou na conquista de importantes cidades como York, Nottingham e Londres.

Conflito com o rei Ælla

  • Segundo as sagas: Ragnar foi capturado e executado em um poço de cobras.
  • Segundo as crônicas: Ælla foi morto por Ivar em retaliação — um evento histórico plausível, documentado nas crônicas da Nortúmbria.

Filhos de Ragnar: legado histórico e geopolítico

Ivar, o Sem Ossos

  • Comandante militar altamente eficaz.
  • Conquistas: York, grande parte do Danelaw (norte e leste da Inglaterra).
  • Especulação médica: osteogênese imperfeita ou insensibilidade à dor?
  • Importância política: Cofundador do Reino Viking de York.

Björn Ironside

  • Citado em fontes francas e islâmicas.
  • Campanhas: Mediterrâneo (Itália, Ilhas Baleares).
  • Fundador de dinastia: Associado à dinastia de Uppsala (Suécia).

Sigurd e Hvitserk

  • Aparecem em registros islandeses, mas há debate sobre se eram filhos de Ragnar ou irmãos entre si.
  • Participaram de campanhas importantes, mas seus legados históricos são menos evidentes.

A lenda como instrumento político

A genealogia mítica de Ragnar foi usada por diversas casas reais e chefes vikings para legitimar seu poder. A referência a um ancestral comum lendário servia como base para unir clãs e consolidar autoridade.

A cristianização da Escandinávia também ajudou a moldar a imagem de Ragnar: um guerreiro pagão que, mesmo odiado por cristãos, era retratado com respeito e temor.


Evidências arqueológicas

Apesar da falta de provas diretas da existência de Ragnar, descobertas arqueológicas ajudam a contextualizar o mundo que ele supostamente habitava:

  • Sepulturas viking ricas em armas e objetos de prestígio, como em Oseberg e Gokstad (Noruega).
  • Restos humanos de guerreiros escandinavos enterrados em locais como Repton (Inglaterra), associados ao Grande Exército Pagão.
  • Runas e inscrições nórdicas que descrevem batalhas e figuras lendárias.
Ragnar Lothbrok: Separando o homem do mito
Ragnar Lothbrok: Separando o homem do mito – Fonte: Odin’s Treasures

Ragnar na Cultura Pop

A imagem de Ragnar ganhou nova vida na cultura moderna, especialmente na série Vikings, do canal History. Interpretado por Travis Fimmel, o personagem é retratado como um líder astuto, carismático e inovador. No entanto, a produção fez adaptações criativas:

  • Lagertha é mostrada como sua primeira esposa, enquanto nas sagas, Aslaug é mais destacada;
  • O destino de Ragnar é alterado em relação aos registros históricos;
  • A cronologia e os feitos dos filhos foram ajustados para fins narrativos.
  • Mistura eventos e figuras reais com liberdade criativa.
  • A figura de Ragnar é reconstruída como um herói moderno, carismático, filosófico e visionário
  • Lagertha, personagem popular, tem base nas sagas, mas não há comprovação histórica.
  • O apelo do personagem ultrapassou o meio televisivo, influenciando livros, jogos e quadrinhos.

Apesar das liberdades criativas, a série renovou o interesse global pela história viking.


Entre homem, mito e símbolo

Ragnar Lothbrok provavelmente não foi uma figura única, mas sim uma síntese de diversos chefes de guerra escandinavos cujos feitos foram preservados e exagerados pelas tradições orais e sagas medievais. Seu impacto, no entanto, é real: moldou visões sobre a cultura viking e influenciou profundamente o imaginário moderno.

Como muitos heróis lendários, Ragnar ocupa o limiar entre o real e o simbólico, representando o espírito de uma era — marcado pela coragem, expansão e transformação.


Referências

Odin’s Treasures – explorando a linha tênue entre o homem real e o mito de Ragnar Lothbrok.
Fonte: Odin’s Treasures

History Hit – fatos históricos e lendários sobre o viking Ragnar Lodbrok.
Fonte: History Hit

Ancient Origins – Ragnar Lothbrok: herói lendário ou figura histórica?
Fonte: Ancient Origins

Encyclopaedia Britannica – biografia e contexto histórico de Ragnar Lothbrok.
Fonte: Britannica

Continue sua jornada por batalhas épicas e lendas históricas!

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