Ilustração de um buraco negro gerada por I.A

O maior buraco negro já descoberto: TON 618

Os buracos negros são alguns dos objetos mais misteriosos e poderosos do universo. Recentemente, astrônomos descobriram um buraco negro com uma massa absurda, tornando-se o maior já registrado. Como ele foi detectado? Quais são suas características? Neste artigo, exploramos os detalhes desse verdadeiro monstro cósmico e o impacto de sua existência na astronomia moderna.

O que é um buraco negro?

Buracos negros são regiões do espaço onde a gravidade é tão intensa que nada consegue escapar de sua atração — nem mesmo a luz. Eles se formam quando uma grande quantidade de matéria é compactada em um espaço minúsculo, criando uma força gravitacional tão poderosa que até mesmo as leis conhecidas da física parecem entrar em colapso.

Em geral, essas estruturas surgem após o colapso de estrelas massivas que, ao esgotarem seu combustível, explodem em supernovas e deixam para trás núcleos extremamente densos. No entanto, esse é apenas um dos caminhos possíveis.

Tipos de buracos negros

Os cientistas classificam essas singularidades com base em sua massa:

  • Estelares: formados a partir do colapso de estrelas. Possuem entre 5 a 100 vezes a massa do Sol.
  • Supermassivos: encontrados no centro das galáxias, com milhões ou até bilhões de massas solares.
  • Intermediários: categoria menos comum, com massas entre os dois tipos anteriores.
  • Primordiais (hipotéticos): teorizados como formados logo após o Big Bang.

Qual é o maior já descoberto?

O título pertence ao enigmático TON 618, uma estrutura supermassiva localizada a cerca de 10,4 bilhões de anos-luz da Terra. Ele foi identificado como parte de um quasar — objetos extremamente brilhantes alimentados por entidades espaciais em crescimento ativo.

Características do TON 618

  • Massa estimada: 66 bilhões de vezes a massa do Sol
  • Localização: Quasar a 10,4 bilhões de anos-luz, na constelação de Cães de Caça
  • Horizonte de eventos: Aproximadamente 1.300 unidades astronômicas (UA), ou cerca de 19,5 bilhões de quilômetros
  • Brilho: Seu quasar é um dos mais luminosos já observados, visível a distâncias incríveis

Esse colosso cósmico é tão grande que, se fosse colocado no lugar do Sol, engoliria todo o nosso Sistema Solar e se estenderia bem além da órbita de Plutão.

Comparação entre o TON 618 e a Terra

A disparidade entre o TON 618 e a Terra é inimaginável. Com um diâmetro de 1.300 UA, seu horizonte de eventos ultrapassa em muito qualquer escala que tenhamos como referência.

  • Diâmetro da Terra: 12.742 km
  • Diâmetro estimado do TON 618: ~19,5 bilhões de km
  • Diferença proporcional: o objeto é mais de 1,5 bilhão de vezes maior que a Terra em diâmetro!

Se estivesse no nosso sistema, Saturno, Urano, Netuno e até Plutão seriam facilmente engolidos por ele. Isso nos ajuda a entender o tamanho quase incompreensível dessas entidades.

Comparativo entre o buraco negro TON 618 e o sistema Solar.
Comparativo entre o buraco negro TON 618 e o sistema Solar. Fonte X

Como os cientistas descobriram esse monstro cósmico?

Apesar de não emitirem luz própria, esses corpos podem ser detectados por seus efeitos sobre a matéria ao redor. No caso do TON 618, a detecção foi possível graças à luz emitida pelo quasar alimentado pela sua gravidade.

Métodos utilizados:

  • Análise espectral: Ao observar a luz do quasar, os astrônomos conseguem detectar a assinatura de uma estrutura gigantesca.
  • Desvio para o vermelho: A luz emitida por objetos distantes é esticada devido à expansão do universo, permitindo calcular a distância e a velocidade.
  • Modelagem computacional: Os dados coletados são inseridos em simulações para estimar a massa e o tamanho.
  • Radiação emitida pelo disco de acreção: O material sendo atraído gira em torno do centro gravitacional, aquece-se por fricção e emite radiação intensa.
TON 618

O que essa descoberta significa para a astronomia?

A existência do TON 618 apresenta desafios importantes para as teorias atuais da formação e evolução dessas singularidades. Entre as principais dúvidas dos cientistas estão:

Como ele cresceu tanto?

Há duas possibilidades principais:

  1. Crescimento lento e constante ao longo de bilhões de anos.
  2. Formação já como uma entidade gigante, a partir de densas nuvens de gás no início do universo.

Ambas as teorias têm obstáculos: o crescimento exigiria um ritmo incrivelmente eficiente e constante, e a formação direta exigiria condições muito específicas, talvez únicas, nos primeiros momentos do cosmos.

Existem estruturas ainda maiores?

É possível. O universo é vasto e ainda pouco explorado em sua totalidade. O TON 618 é o maior que conseguimos detectar até agora, mas podem existir outros ainda mais colossais além de nosso alcance tecnológico atual.

Há um limite para o tamanho?

Essa é outra pergunta sem resposta definitiva. Algumas teorias sugerem que, além de certo ponto, a própria física impediria o crescimento contínuo. Outras, no entanto, indicam que o crescimento pode ser quase ilimitado, dependendo das condições ambientais.

Curiosidades sobre o TON 618 e essas regiões extremas

Um brilho que engana

Apesar de o próprio centro gravitacional não emitir luz, o material em sua vizinhança é tão energizado que o quasar associado ao TON 618 é milhões de vezes mais brilhante do que todas as estrelas da Via Láctea juntas.

Uma cápsula do tempo cósmica

A luz que vemos dele foi emitida há mais de 10 bilhões de anos. Isso significa que estamos observando um momento muito antigo do universo, quando ele tinha menos de 4 bilhões de anos.

Quanto tempo ele leva para devorar um objeto?

Embora a força gravitacional seja absurda, o processo de absorção de matéria é relativamente lento. Isso porque o material orbitando o centro atrativo forma um disco de acreção que precisa perder energia antes de ser engolido.

Um monstro em números

  • Massa do Sol: 1,989 × 10³⁰ kg
  • Massa estimada do TON 618: 66 bilhões de vezes isso → cerca de 1,3 × 10⁴² kg

Esse número é tão absurdo que não cabe em nenhuma analogia cotidiana. Mesmo se juntássemos todas as estrelas da Via Láctea (estima-se que sejam cerca de 100 a 400 bilhões), ainda não teríamos massa suficiente para igualá-lo.

A fronteira da física

Essas estruturas são consideradas laboratórios naturais para testar os limites da física. Nelas, as leis da relatividade geral de Einstein coexistem com os efeitos quânticos — uma combinação ainda não completamente compreendida pela ciência moderna.

Isso as torna peças fundamentais para teorias como a gravidade quântica, que tentam unificar os dois grandes pilares da física: a mecânica quântica e a relatividade geral.

E se algo assim estivesse perto da Terra?

Felizmente, os exemplos conhecidos estão a milhares de anos-luz de distância. Se uma estrutura como o TON 618 estivesse a apenas 1 ano-luz de distância, os efeitos gravitacionais em nosso sistema solar seriam catastróficos: perturbações nas órbitas, ejeção de planetas e colapso gravitacional.

O enigma dos colossos cósmicos

O TON 618 não é apenas a maior entidade desse tipo já encontrada — ele representa um enigma astronômico que desafia nossa compreensão atual sobre o universo. Seu tamanho, origem e estrutura levantam questões fundamentais sobre a formação das galáxias, os limites da matéria e até a própria natureza do tempo e do espaço.

À medida que os telescópios e métodos de análise evoluem, novas descobertas poderão nos aproximar dessas respostas — ou nos apresentar perguntas ainda mais intrigantes. Até lá, o TON 618 continua como um dos maiores mistérios do cosmos.

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Referências

Imagem ilustrativa do buraco negro.
Fonte: X – MAstronomers

O maior buraco negro já descoberto – TON 618.
Fonte: NASA

Estudos sobre buracos negros supermassivos e crescimento cósmico.
Fonte: European Southern Observatory (ESO)

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