A mente por trás dos recordes
Ashrita Furman não é um atleta tradicional, tampouco um milionário entediado buscando aventuras. Nascido Keith Furman, ele é um americano que transformou a prática de quebrar recordes em um estilo de vida. Desde jovem, Ashrita era fascinado pelo Livro dos Recordes, mas sentia-se distante da possibilidade de participar dele.
Foi apenas após entrar em contato com ensinamentos espirituais — especialmente do mestre indiano Sri Chinmoy — que ele começou a acreditar que os limites físicos poderiam ser superados com disciplina, foco mental e propósito. Inspirado, decidiu combinar espiritualidade com desafios físicos e fez disso sua missão pessoal.
O nome “Ashrita”, inclusive, foi adotado nessa fase. Em sânscrito, significa “aquele que se refugia em Deus”.

O primeiro passo rumo ao Guinness
O primeiro recorde de Ashrita Furman foi quebrado em 1979. O desafio? Fazer o maior número possível de polichinelos seguidos. E ele não decepcionou: foram 27.000 repetições ininterruptas. Esse feito foi apenas o início. A sensação de ultrapassar um limite pessoal e tê-lo reconhecido globalmente o impulsionou a continuar.
Desde então, Ashrita se dedicou a criar e superar recordes dos mais diversos — e muitas vezes, os mais bizarros possíveis. Sua lógica era simples: se fosse um desafio físico ou mental, ele aceitaria. E se ninguém jamais tivesse tentado aquilo, melhor ainda.
Uma coleção de marcas inigualáveis
Até hoje, Furman já estabeleceu mais de 600 recordes oficiais, com pelo menos 200 ativos simultaneamente ao longo de sua carreira. Ele é o único ser humano reconhecido pelo Guinness por manter o maior número de recordes individuais ao mesmo tempo.
Entre os feitos mais impressionantes, estão:
- Correr uma milha com um copo de leite equilibrado na cabeça
- Saltar corda com um “pogo stick” no templo de Angkor Wat, no Camboja
- Correr de pernas de pau na Muralha da China
- Equilibrar um taco de sinuca na ponta do dedo ao lado das Pirâmides do Egito
- Fazer hula-hoop por mais de 1,6 km no deserto australiano de Uluru
- Criar o maior lápis do mundo: 23 metros de comprimento e 10 toneladas
E tudo isso enquanto mantinha uma rotina de trabalho comum: Furman administra uma loja de produtos naturais no Queens, em Nova York.

Quebrando recordes ao redor do mundo
O recordista Guinness mais versátil da história também é um verdadeiro nômade. Ashrita quebrou marcas nos sete continentes, inclusive na Antártida, onde correu com raquetes de neve.
Ele é conhecido por escolher locais emblemáticos para seus desafios. Na Torre Eiffel, fez abdominais. Em Stonehenge, equilibrou-se em uma bola de ginástica. No Egito, correu de costas. Cada cenário agrega um simbolismo especial ao feito, conectando cultura, esforço e superação.
Além disso, ele sempre procura usar seus recordes como homenagem ao seu mentor espiritual. O lápis gigante, por exemplo, foi feito para celebrar o aniversário de Sri Chinmoy.
Categorias criadas por ele mesmo
Uma das marcas registradas de Ashrita Furman é a originalidade. Quando não encontrava um recorde já existente, ele inventava um novo. Algumas das modalidades mais estranhas que criou ou adaptou:
- Landrowing: um remo adaptado com rodas, usado para percorrer 2.400 km
- Gluggling: malabarismo submerso, feito por ele por 48 minutos dentro de um aquário
- Corrida de saco contra um iaque, na Mongólia
- Caminhada mais rápida carregando um bastão flamejante na cabeça
Mesmo os recordes que pareciam “brincadeiras” exigiam treinamento intenso, disciplina e controle mental. Ashrita nunca encarou seus desafios com leviandade — cada tentativa era uma preparação completa.
Filosofia por trás dos desafios
Furman acredita que os limites do ser humano são mentais, não físicos. Para ele, a mente pode nos sabotar ou nos libertar. Ele treinava tanto o corpo quanto o espírito, e via seus recordes como uma forma de meditação ativa.
Essa filosofia o manteve motivado por décadas. Quebrar um recorde não era apenas vencer os outros, mas superar a si mesmo.
Apesar de tantos feitos, ele nunca se envolveu em competições convencionais. Para Ashrita, o verdadeiro adversário era a própria mente dizendo “você não consegue”.
Reconhecimento e Hall da Fama
Em 2009, Ashrita Furman alcançou uma marca ainda mais simbólica: detinha 100 recordes ativos ao mesmo tempo, algo inédito na história do Guinness World Records. Por essa façanha, foi inserido no Hall da Fama oficial da instituição.
Mesmo com todos esses títulos, Furman continua humilde. Ele diz que não se vê como um herói, mas como alguém que descobriu uma maneira única de canalizar sua energia interior.
Curiosidades rápidas sobre Ashrita Furman
- Já quebrou recordes em mais de 40 países
- É vegetariano desde os anos 70
- Muitos de seus recordes foram televisionados em programas de alcance internacional
- Algumas das suas tentativas falharam — mas ele nunca desistiu
- Costuma quebrar entre 10 a 20 recordes por ano, mesmo com mais de 60 anos de idade
- Já correu em vulcões, florestas, desertos, templos, gelo e até submerso em água
O homem que fez do impossível um hábito
A história de Ashrita Furman é única. Em vez de buscar fama por meio de conquistas convencionais, ele trilhou um caminho de superação criativa. Seus feitos são tão diversos que é difícil imaginar outro ser humano quebrando tantos recordes em áreas tão distintas.
Ele não é o mais forte, o mais rápido ou o mais rico — mas é, com toda certeza, o mais persistente. E isso o torna um símbolo de que a verdadeira grandeza pode estar na combinação de disciplina, espiritualidade e imaginação.
O quebrador de recordes
Ashrita Furman provou que não é preciso seguir um caminho tradicional para fazer história. Sua trajetória é uma aula de criatividade, resistência e fé interior. Ao desafiar os próprios limites e inventar novos caminhos, ele redefiniu o que significa ser um recordista Guinness.
Mesmo após décadas de desafios, sua busca continua. E com cada novo recorde, Ashrita nos lembra que a verdadeira vitória está em nunca parar de tentar.
Leia mais
Se você gostou da história inspiradora de Ashrita Furman, confira também outros recordes que desafiam a lógica:
- Shridhar Chillal: as unhas mais longas do mundo
- Boston Celtics: 8 títulos seguidos na NBA
- Real Madrid: 5 títulos europeus consecutivos
- Charles Servizio: 46.001 flexões em 24 horas
- Joshua Iyalla: o homem dos socos mais rápidos
Referências do texto e das imagens
Ashrita Furman: o rei dos recordes do Guinness
Fonte: Guinness World Records
Recordista mundial planeja novo feito no Brasil
Fonte: The Telegraph
A rotina extraordinária de um homem comum que quebrou centenas de recordes
Fonte: The New York Times