Loricifera – Microinvertebrado Marinho

2 animais que sobrevivem sem oxigênio: conheça-os

Você sabia que existem animais capazes de viver sem oxigênio? Enquanto a maioria das formas de vida depende desse elemento vital, algumas espécies desafiam essa regra e prosperam em ambientes anóxicos. Vamos explorar esses seres surpreendentes e entender como conseguem essa façanha.​

O que são animais que conseguem viver sem oxigênio

Animais que conseguem viver sem oxigênio são organismos que não realizam respiração celular aeróbica — ou seja, não utilizam oxigênio para produzir energia. Em vez disso, eles adotam um metabolismo anaeróbico, que usa outras substâncias químicas para manter suas funções vitais.

Esses organismos são extremamente raros entre os multicelulares. A maioria dos seres vivos precisa do oxigênio para sobreviver porque ele é essencial na produção de ATP, a “moeda de energia” das células. No entanto, esses animais desenvolveram mecanismos únicos que permitem sua sobrevivência em ambientes onde esse gás está ausente.

O estudo desses seres não é apenas uma curiosidade biológica. Compreender como a vida pode existir sem oxigênio abre portas para avanços na medicina, na biotecnologia e até na astrobiologia. Afinal, se a vida pode prosperar em condições extremas aqui, ela também pode existir em outros planetas com atmosferas diferentes da nossa.


Henneguya salminicola: o animal multicelular anaeróbico

O Henneguya salminicola é um parasita microscópico da família Myxozoa, um grupo de animais simples que vivem, principalmente, em ambientes aquáticos. Ele habita os músculos de peixes como o salmão e, por mais incrível que pareça, é o primeiro animal multicelular conhecido que não precisa de oxigênio para sobreviver. Esse fato, por si só, já é impressionante. Afinal, durante muito tempo, acreditou-se que todos os animais, sem exceção, dependiam do oxigênio como base para o metabolismo celular.

O que torna o Henneguya tão singular é a ausência completa de mitocôndrias funcionais, as organelas celulares responsáveis pela respiração aeróbica — o processo que gera energia a partir do oxigênio. Em vez disso, análises genéticas mostraram que ele possui mitossomos, organelas adaptadas para realizar funções básicas de sobrevivência, mas incapazes de processar oxigênio. Isso significa que o Henneguya salminicola depende inteiramente de um metabolismo anaeróbico, ou seja, que ocorre na ausência de oxigênio.

Essa característica foi descoberta em 2020, por uma equipe de pesquisadores israelenses que sequenciaram o genoma do parasita. O estudo revelou a completa perda dos genes mitocondriais, o que foi uma surpresa absoluta para a comunidade científica. Até então, todas as formas conhecidas de vida animal utilizavam pelo menos algum tipo de respiração baseada em oxigênio.

O Henneguya vive de forma simbiótica nos tecidos de seu hospedeiro, aproveitando nutrientes diretamente do ambiente interno do peixe. Como esse ambiente é pobre em oxigênio, o parasita acabou eliminando essa dependência ao longo de milhões de anos de evolução. Essa adaptação representa um passo drástico rumo à simplificação biológica e mostra que nem mesmo o oxigênio é um requisito absoluto para a vida animal.

Animais - Henneguya salminicola
Henneguya salminicola – Fonte: BGR

Loricíferos: vida nas profundezas sem oxigênio

Outro exemplo fascinante entre os animais que conseguem viver sem oxigênio são os loricíferos, um grupo de invertebrados microscópicos descobertos no início dos anos 1980. Esses organismos, que medem apenas alguns centésimos de milímetro, vivem em sedimentos profundos e densos do Mar Mediterrâneo, em locais onde a luz solar não chega e onde o oxigênio está completamente ausente — regiões chamadas de bacias anóxicas.

Durante muito tempo, os cientistas acreditavam que qualquer animal multicelular precisaria de ao menos traços de oxigênio para viver. Mas em 2010, pesquisadores encontraram três espécies diferentes de loricíferos que passam todo o seu ciclo de vida em ambientes totalmente anóxicos, ou seja, sem qualquer vestígio de oxigênio.

Esses animais desafiam a lógica tradicional da biologia por utilizarem estruturas chamadas hidrogenossomos no lugar de mitocôndrias. Os hidrogenossomos são organelas que geram energia através da fermentação, liberando hidrogênio como subproduto. Essa forma de metabolismo é típica de alguns protozoários e fungos anaeróbicos, mas não era conhecida em animais até a descoberta dos loricíferos.

Além de não precisarem de oxigênio, esses animais possuem uma estrutura corporal complexa para o seu tamanho. Eles têm uma “armadura” externa rígida chamada lorica (daí o nome), cabeça retrátil e órgãos internos especializados, o que indica que são mais sofisticados do que simples microrganismos.

A presença de animais como os loricíferos em ambientes sem oxigênio levanta hipóteses sobre formas de vida em oceanos subterrâneos de luas como Europa (de Júpiter) ou Encélado (de Saturno), onde pode haver água líquida sob a crosta gelada. Se criaturas microscópicas conseguem prosperar aqui na Terra sem oxigênio, talvez o mesmo ocorra em outros lugares do sistema solar.

Animais - Loricíferos
Loricíferos vista por microscópio – Fonte: Asia Research News

Conclusão

Animais que conseguem viver sem oxigênio provam que a vida é incrivelmente adaptável. Essas espécies abrem novas portas para a pesquisa científica, incluindo medicina, evolução e até a possibilidade de vida fora da Terra. Elas também nos lembram de que ainda há muito a ser descoberto no planeta onde vivemos.


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Referências

Cientistas descobrem organismo que vive sem oxigênio.
Fonte: BGR

Nova espécie de um filo raro (Loricifera) é descoberta no fundo do mar ao redor do Japão.
Fonte: Asia Research News


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