Água-viva imortal – Turritopsis dohrnii

5 animais imortais que desafiam o tempo

Você sabia que existem animais que não morrem por velhice? Alguns seres vivos possuem a capacidade extraordinária de se regenerar, se rejuvenescer e até mesmo desafiar o tempo. Prepare-se para conhecer criaturas que reescrevem as leis da biologia com seus incríveis superpoderes naturais.

O que é imortalidade biológica?

Como funciona a imortalidade em animais?

A imortalidade biológica não significa que esses animais viverão para sempre em todos os sentidos (animais imortais), mas sim que eles não envelhecem como os humanos. Seus corpos não apresentam o declínio gradual das funções vitais com o passar dos anos. Em outras palavras: eles podem continuar vivos indefinidamente — se nada os matar.

Segundo estudos, esses animais mantêm sua capacidade de reprodução, regeneração e sobrevivência ao longo do tempo. Não há deterioração inevitável.

A ciência por trás do fenômeno

Em 2019, a Universidade de Copenhague publicou um estudo na revista Nature indicando que algumas espécies, como a água-viva Turritopsis dohrnii, apresentam senescência negligenciável — ou seja, envelhecimento irrelevante. A descoberta levanta questões importantes sobre o envelhecimento em humanos e inspira pesquisas em medicina regenerativa.


Exemplos de “animais imortais” que não morrem de velhice

1. Turritopsis dohrnii: a água-viva imortal

A Turritopsis dohrnii é uma pequena água-viva da família Oceaniidae, encontrada principalmente no Mar Mediterrâneo e em partes tropicais e temperadas dos oceanos. Seu tamanho não ultrapassa os 4,5 mm, mas sua capacidade biológica é gigantesca. Quando submetida a estresse ambiental, ferimentos ou envelhecimento, essa água-viva consegue reverter seu ciclo de vida, retornando ao estágio de pólipo — uma forma juvenil. Esse processo de “transdiferenciação” celular permite que ela reinicie sua vida inúmeras vezes, o que a torna, na prática, biologicamente imortal. Em outras palavras, aguas vivas desta espécie são “animais imortais”.

Apesar de poder morrer por causas externas, como predação ou mudanças drásticas no ambiente, não envelhece como os demais seres vivos. Cientistas têm estudado intensamente seu comportamento e estrutura celular na esperança de entender melhor os mecanismos do envelhecimento e da regeneração celular. Seu ciclo contínuo de rejuvenescimento faz dela um dos organismos mais fascinantes do planeta.

Animais imortais: Turritopsis dohrnii

2. Planária (Dugesia japonica, entre outras espécies)

As planárias são vermes achatados do filo Platyhelminthes, com diversas espécies conhecidas — uma das mais estudadas é a Dugesia japonica. São famosas por sua extraordinária capacidade de regeneração. Se cortadas em múltiplas partes, cada uma pode se transformar em um novo indivíduo completo. Isso ocorre graças à presença abundante de neoblastos, células-tronco pluripotentes que representam até 20% do corpo da planária.

Essas células têm a habilidade de se transformar em qualquer tipo celular, o que permite a regeneração não só de tecidos, mas de órgãos inteiros — inclusive do cérebro. Além disso, algumas linhagens de planárias mantêm seus telômeros indefinidamente, o que impede o envelhecimento celular. Elas também possuem um sistema nervoso relativamente complexo para um verme, o que as torna modelos valiosos em pesquisas sobre neurociência, regeneração e biologia do envelhecimento.

Animais imortais: Dugesia japonica

3. Lagosta-americana (Homarus americanus)

A Homarus americanus é uma das espécies mais conhecidas de lagosta e habita as águas frias do Oceano Atlântico Norte. Ao contrário de muitos animais, essa lagosta não apresenta senescência detectável: ela continua crescendo e se reproduzindo mesmo em idades avançadas. Seu segredo está na constante produção da enzima telomerase em praticamente todas as células do corpo. Essa enzima protege os telômeros — estruturas que se encurtam com o tempo em organismos que envelhecem — mantendo a integridade do DNA.

Além disso, lagostas são capazes de regenerar membros perdidos, como patas e pinças, o que reforça seu sistema de renovação. No entanto, sua casca endurece com o tempo e a muda torna-se cada vez mais arriscada, sendo um dos fatores que limita sua longevidade prática. Ainda assim, exemplares com mais de 100 anos já foram registrados, tornando-a um exemplo de longevidade extrema entre os crustáceos.

Homarus americanus

4. Hidra (Hydra vulgaris)

A Hydra vulgaris, do filo Cnidaria, é uma criatura de água doce que mede apenas alguns milímetros, mas possui uma impressionante capacidade regenerativa. Dotada de um corpo tubular com tentáculos ao redor da boca, a hidra se fixa em plantas aquáticas ou pedras e se alimenta de pequenos organismos. Sua principal característica é a presença constante de células-tronco intersticiais ativas, que se dividem indefinidamente e substituem células envelhecidas de forma contínua. Em ambientes laboratoriais, hidras já viveram décadas sem apresentar sinais de envelhecimento.

Alguns pesquisadores sugerem que, em condições ideais, elas poderiam viver indefinidamente. Sua capacidade de regeneração é tão eficiente que, mesmo se cortada ao meio, pode formar dois organismos completos. Devido a essas habilidades únicas, a hidra é frequentemente estudada em pesquisas sobre longevidade, plasticidade celular e biotecnologia regenerativa.

Animais imortais: Hydra vulgaris

5. Molusco Arctica islandica: o caso de Ming

O Arctica islandica é um molusco bivalve que vive enterrado em sedimentos do fundo do Atlântico Norte, especialmente próximo à Islândia. Em 2006, um exemplar batizado de “Ming” foi encontrado com impressionantes 507 anos, sendo considerado o animal com vida mais longa já registrado. A idade foi determinada por meio da contagem de anéis de crescimento em sua concha, um método semelhante ao usado em árvores.

O segredo de sua longevidade está em seu metabolismo extremamente lento, adaptação ao frio extremo e baixa taxa de reprodução, o que minimiza o desgaste celular. Além disso, apresenta resistência notável ao estresse oxidativo, um dos principais causadores do envelhecimento. Infelizmente, Ming morreu durante a coleta científica, mas sua descoberta revolucionou o entendimento sobre a longevidade animal e motivou diversas pesquisas sobre envelhecimento celular e conservação marinha.

Animais imortais: Arctica islandica

A genética da longevidade animal

Muitos desses animais imortais compartilham algo em comum: telomerase ativa por toda a vida. Essa enzima impede o desgaste dos telômeros — regiões do DNA que se encurtam com o tempo nas células humanas. Planárias também usam células-tronco chamadas neoblastos, que permitem regeneração ilimitada.


Regeneração: o segredo de muitos

Em humanos, a regeneração é limitada. Mas em muitos animais, como hidras e planárias, ela é a chave da imortalidade biológica, por isso podemos descrevê-los como “animais imortais”

Casos impressionantes:

  • Hidras cortadas ao meio formam dois organismos completos.
  • Planárias regeneram até 279 partes separadamente.
  • Lagostas regeneram pinças e membros ao longo da vida.

Onde vivem esses seres “eternos”?

EspécieHabitat
Turritopsis dohrniiOceanos tropicais e temperados
HidraLagos e rios de água doce
PlanáriaÁgua doce e ambientes úmidos
Lagosta-americanaAtlântico Norte
Arctica islandicaFundo do Atlântico Norte

Animais imortais (ou quase isso): vivem muito, mas envelhecem

Tubarão-da-Groenlândia

Com vida útil de até 400 anos, é o vertebrado mais longevo conhecido. Seu metabolismo é extremamente lento e vive nas águas frias do Ártico. Por isso pode ser incluido na categoria de animais imortais.

Tartarugas-gigantes

Outro animal que pode estar na categoria de “animais imortais” é a tartaruga gigante. Vivem mais de 150 anos. Algumas, como a Adwaita, podem ter passado dos 250 anos. Envelhecem, mas de forma muito lenta.


As ameaças à imortalidade

Apesar de biologicamente imortais, esses animais podem morrer por causas externas: predação, doenças ou intervenção humana.

  • Mudanças climáticas afetam a água-viva imortal.
  • Lagostas são alvo de pesca predatória.
  • O molusco Arctica islandica depende de águas profundas e frias.

Mesmo com habilidades excepcionais, esses seres estão vulneráveis a um planeta em desequilíbrio.


A ciência tenta imitar a natureza

A biotecnologia moderna já estuda mecanismos inspirados nesses animais:

  • Terapias com telomerase: testadas com sucesso em camundongos.
  • Células-tronco: aplicadas em tratamentos regenerativos.
  • Impressão 3D de tecidos: inspirada na regeneração natural.
  • Inteligência artificial: usada para prever e atrasar o envelhecimento celular.

Esses avanços podem prolongar a vida humana com mais qualidade, mas ainda estamos longe da imortalidade.


Curiosidades que impressionam sobre os “animais imortais”

  • Hidras não envelhecem nem adoecem.
  • A água-viva imortal foi descoberta por acaso.
  • Lagostas permanecem férteis até a morte.
  • A planária regenera inclusive sua cabeça — com memórias.
  • Ming, o molusco, viveu mais que o Império Otomano.

Imortalidade animal e reflexões filosóficas

A existência de animais que não envelhecem levanta questões profundas: o que é a morte? Se ela pode ser evitada biologicamente, ainda é parte inevitável da vida?

A filosofia nos ensina que a finitude dá sentido à existência. No entanto, ao ver criaturas que escapam do envelhecimento, somos levados a refletir se viver para sempre é uma dádiva — ou um peso.


Longevidade x envelhecimento x imortalidade

  • Longevidade: vida longa com envelhecimento (tartarugas, tubarões).
  • Envelhecimento: deterioração biológica com o tempo.
  • Imortalidade biológica: ausência de deterioração com o tempo.

E se os humanos fossem imortais?

Você já conheceu alguns “animais imortais” e como eles vivem, agora imagine um mundo sem envelhecimento biológico:

  1. Superpopulação descontrolada.
  2. Economia e aposentadoria reinventadas.
  3. Mudanças nos vínculos humanos.
  4. Perda do senso de urgência e propósito.

A ideia fascina, mas traria consequências complexas e profundas.


Ética: devemos perseguir a imortalidade?

Alguns acreditam que retardar o envelhecimento é um avanço natural da medicina. Outros veem risco em elitizar o acesso à longevidade, criando desigualdade extrema. A resposta pode estar no equilíbrio: usar esse conhecimento para promover qualidade de vida, e não apenas quantidade.


Conclusão

Esses “animais imortais” mostram que a biologia é mais flexível do que imaginávamos. Ainda assim, a vida longa só vale a pena quando vivida com sentido, amor e conexão. A verdadeira riqueza do tempo está em como o usamos — e não em quanto temos.


Continue explorando os mistérios da natureza:

Acesse também a categoria Animais para ler outros conteúdos fascinantes sobre o reino animal.


Referências

A água-viva-imortal e o segredo para enganar a morte
Fonte: Natural History Museum

Turritopsis dohrnii: um modelo para estudos de regeneração e rejuvenescimento celular
Fonte: PMC – National Center for Biotechnology Information

Será que os humanos poderiam viver para sempre?
Fonte: National Geographic Kids

As águas-vivas-imortais estão se multiplicando nos oceanos
Fonte: National Geographic

Referências das imagens

Água-viva-imortal (Turritopsis dohrnii)
Fonte: In His Image Blog

Água-viva-imortal (Turritopsis dohrnii)
Fonte: Project Manaia

Planárias e regeneração
Fonte: The New York Times

Lagostas (Homarus americanus e Homarus gammarus)
Fonte: Aquatividade

Hidra comum (Hydra vulgaris)
Fonte: BioDiversity4All

Marisco-islandês (Arctica islandica)
Fonte: BioDiversity4All

Copyright © 2025 Curiosidade Ilimitadas. Todos os direitos reservados.