Traje da nova geração usado em simulações para missões espaciais futuras – Fonte: NASA

Como funcionam os trajes espaciais da nova geração

A próxima geração de trajes espaciais vai muito além do visual futurista. Eles são verdadeiras estações de suporte à vida, projetadas para garantir segurança, mobilidade e eficiência em missões cada vez mais longas e distantes. Entenda como essas roupas estão moldando o futuro da exploração espacial.

Trajes espaciais: o escudo tecnológico do astronauta

Explorar o universo nunca foi tarefa simples. Para além da nave e dos instrumentos científicos, existe uma peça fundamental: o traje espacial. Ele não é apenas um uniforme; é um sistema completo de suporte à vida, projetado para manter o astronauta vivo, protegido e funcional mesmo nos ambientes mais hostis fora da Terra.

Os trajes da nova geração, desenvolvidos por agências como a NASA e empresas como a SpaceX e a Axiom Space, representam um salto tecnológico. São mais leves, flexíveis, inteligentes e adaptáveis. Mas como exatamente eles funcionam?

O protótipo do traje espacial Artemis III, o AxEMU
O protótipo do traje espacial Artemis III, o AxEMU – Fonte: NASA

Atmosfera portátil: oxigênio, pressão e temperatura

No vácuo do espaço, não há oxigênio, a pressão é praticamente zero e a temperatura pode variar de -150°C a 120°C em segundos. Para isso, os trajes espaciais precisam criar uma atmosfera artificial interna.

Eles são compostos por várias camadas:

  • Camada de pressão: mantém o corpo do astronauta sob a pressão adequada para que os fluidos corporais não fervam.
  • Camadas térmicas: refletem o calor do sol e mantêm o interior aquecido.
  • Camada de micrometeoritos: feita de materiais resistentes, protege contra impactos de pequenas partículas que viajam a altíssimas velocidades.

Além disso, há um sistema de fornecimento e regulação de oxigênio, ventiladores que removem o dióxido de carbono e controle térmico ativo por meio de circuitos de água que percorrem o traje.

Outras versões avançadas vêm sendo testadas com sensores climáticos internos que ajustam o microclima do traje em tempo real, mantendo conforto térmico mesmo sob variações intensas.


Mobilidade: o desafio da flexibilidade no espaço

Os trajes espaciais tradicionais são rígidos e desconfortáveis, dificultando movimentos simples como andar, pegar objetos ou realizar reparos. A nova geração resolve isso com tecnologia inspirada na biomecânica e na robótica.

Os modelos modernos possuem:

  • Juntas articuladas com rolamentos
  • Tecidos inteligentes com memória de forma
  • Estruturas modulares que se ajustam ao corpo

Essas inovações permitem maior liberdade de movimento, algo crucial para missões em terrenos irregulares, como os da Lua ou de Marte.

Além disso, estudos do MIT focam em trajes com músculos artificiais que se contraem com estímulos elétricos, aumentando a força e a estabilidade dos astronautas em ambientes de gravidade reduzida.

Trajes espaciais: os desafios para o futuro
Trajes espaciais: os desafios para o futuro

Comunicação, sensores e realidade aumentada

Os trajes não são apenas físicos, mas também digitais. Eles integram sistemas de comunicação sem fio, sensores biométricos e até interfaces de realidade aumentada.

  • Sensores: monitoram batimentos cardíacos, níveis de oxigênio no sangue, fadiga e temperatura corporal.
  • Capacete com visor HUD (Head-Up Display): exibe dados vitais, mapas, instruções e alertas.
  • Sistema de emergência: envia sinais automáticos em caso de falha ou acidente.

Essa integração torna o astronauta mais consciente e conectado, mesmo em isolamento extremo. Em alguns protótipos, também estão sendo testados sistemas de rastreamento ocular e comandos por voz para controle de dispositivos.


Impressão 3D e personalização

Cada traje é customizado para o corpo de seu usuário, utilizando escaneamento corporal 3D. Diversas peças são fabricadas por impressão 3D com materiais resistentes e leves, como polímeros especiais e compósitos de fibra de carbono.

A personalização reduz riscos, melhora o conforto e torna o tempo de fabricação mais curto e preciso. Em breve, impressoras 3D poderão fabricar peças sob demanda diretamente nas estações espaciais, o que representa uma revolução na logística de missões prolongadas.


Energia, autonomia e sustentabilidade

Os trajes espaciais da nova geração são equipados com baterias de alta densidade energética que alimentam todos os sistemas do traje por até 8 horas — com sistemas de emergência adicionais que garantem mais algumas horas de vida útil.

Alguns projetos já testam sistemas de recarga solar embutidos, que poderão estender a autonomia sem depender da nave-mãe. Outros estudos exploram conversão de movimento em energia, permitindo que os próprios passos do astronauta ajudem a recarregar o sistema.

Além disso, há esforços para tornar os trajes mais sustentáveis, utilizando materiais recicláveis ou biodegradáveis e sistemas internos de reaproveitamento de água e ar.

Traje espacial desenvolvido entre a Axiom Space e a Prada - Fonte: Space Insider
Traje espacial desenvolvido entre a Axiom Space e a Prada – Fonte: Space Insider

Proteção contra radiação e partículas espaciais

Fora da atmosfera terrestre, os astronautas ficam expostos a níveis perigosos de radiação cósmica e solar. A nova geração de trajes espaciais inclui camadas com materiais absorventes de radiação, como polietileno de alta densidade, e escudos magnéticos em desenvolvimento para defletir partículas carregadas.

Essa proteção é essencial para viagens de longa duração, como missões a Marte, onde a exposição prolongada pode causar danos celulares, câncer ou problemas neurológicos.


Higiene e necessidades fisiológicas

Durante missões prolongadas, os astronautas precisam lidar com necessidades básicas. Os trajes modernos incorporam sistemas que permitem a coleta de urina, fezes e suor, com filtros e reservatórios adaptáveis. Projetos mais avançados estudam roupas íntimas com nanotecnologia antibacteriana e tecidos que neutralizam odores e umidade por longos períodos.

Esse tipo de solução é crucial para preservar a saúde e o bem-estar físico e psicológico dos astronautas durante expedições de semanas ou meses.


Inteligência artificial embarcada

Prototipagens de última geração estão testando integração com IA para análise de riscos em tempo real. A inteligência artificial pode detectar sinais de falha no traje, calcular rotas seguras em terrenos desconhecidos, prever alterações ambientais e fornecer suporte imediato ao astronauta.

Com IA embarcada, o traje se transforma num verdadeiro assistente autônomo, aumentando a eficiência e reduzindo riscos operacionais.


Casos reais e o futuro das missões

  • Missão Artemis: a NASA apresentou o novo traje xEMU, que será utilizado por astronautas na missão de retorno à Lua. Ele tem maior mobilidade e resistência, com melhorias significativas em relação ao traje EMU usado desde a década de 1980.
  • SpaceX: a empresa desenvolveu um traje pressurizado leve e minimalista para uso dentro da cápsula Crew Dragon. Embora não seja ideal para caminhadas espaciais, ele marca uma evolução no design e conforto em missões tripuladas.
  • Axiom Space: contratada pela NASA, a Axiom está projetando trajes para a missão Artemis III com foco em mobilidade e facilidade de vestir.
  • China e Rússia: também têm investido em novos modelos pressurizados, com foco em desempenho em estações espaciais e futuras bases lunares.

Esses exemplos mostram que estamos entrando em uma nova era na tecnologia espacial, onde o traje é parte essencial da missão.


Curiosidades sobre trajes espaciais

  • A roupa espacial tradicional pesa cerca de 130 kg na Terra. No espaço, o peso desaparece, mas a massa permanece, exigindo força para movê-la.
  • O traje xEMU tem mais de 90 rolamentos para facilitar os movimentos.
  • Alguns modelos testam camadas externas autorregenerativas contra rasgos leves.
  • Em Marte, os trajes precisarão resistir a tempestades de poeira eletrostática e variações extremas de temperatura.
  • Alguns capacetes possuem sistemas de desembaçamento automático e isolamento sonoro avançado.
  • Projetos futuros envolvem tecidos fotocromáticos, que mudam de cor conforme a luz solar, ajudando no controle térmico.

A próxima fronteira está vestida para o desafio

Com o avanço dos trajes espaciais, astronautas estarão mais protegidos e preparados para enfrentar missões longas, em ambientes extremos e com menor suporte direto da Terra.

Essas roupas futuristas já não são mais ficção científica. São equipamentos de sobrevivência real, e sua evolução será vital para o sucesso de missões em Marte, colônias lunares e além.

Perguntas frequentes sobre trajes espaciais

Como os trajes espaciais mantêm os astronautas vivos?
Eles criam uma atmosfera artificial com oxigênio, pressão adequada, controle térmico e proteção contra radiação e micrometeoritos. Todos esses sistemas funcionam em conjunto para garantir a sobrevivência em ambientes extremos.

Quanto tempo um traje espacial pode funcionar de forma autônoma?
Os modelos atuais oferecem até 8 horas de operação com baterias principais, além de algumas horas extras com sistemas de emergência. Protótipos com recarga solar estão em desenvolvimento.

É possível fabricar peças do traje no espaço?
Sim. Com o avanço da impressão 3D, já é possível imprimir componentes sob demanda diretamente em estações espaciais, o que facilita reparos e personalizações.

Qual a principal inovação dos trajes da nova geração?
Além de maior mobilidade, os novos trajes incorporam inteligência artificial, sensores biométricos, interfaces digitais, proteção avançada contra radiação e personalização total por escaneamento corporal.

Qual o futuro dos trajes espaciais?
O futuro aponta para roupas espaciais mais leves, inteligentes, sustentáveis e autônomas. Elas poderão interagir com sistemas de navegação, oferecer suporte médico e adaptar-se dinamicamente a diferentes ambientes planetários.


Enquanto a ciência molda roupas para o espaço, que tal conhecer outras inovações surpreendentes?

Acompanhe como cientistas estão se preparando para criar vida em Marte com a terraformação do planeta vermelho. Ou descubra como a ciência pode trazer espécies extintas de volta com a engenharia genética reversa. E se você acha que tudo isso é ousado, veja como órgãos de animais já estão sendo usados em humanos no caso dos xenotransplantes.


Referências

O traje espacial da missão Artemis III
Fonte: NASA

PDF oficial sobre os trajes da geração Artemis
Fonte: NASA (PDF)

A colaboração da Prada no novo traje espacial lunar
Fonte: Reuters

Axiom Space e Prada revelam o design do traje espacial AxEMU para a missão Artemis III
Fonte
: Space Insider

Copyright © 2025 Curiosidade Ilimitadas. Todos os direitos reservados.