Na natureza, a diversidade biológica vai muito além do que estamos acostumados. Enquanto a maioria dos seres vivos possui apenas um coração, alguns animais desenvolveram sistemas circulatórios tão complexos que contam com múltiplos “corações” — seja por necessidade fisiológica, adaptação evolutiva ou características anatômicas únicas.
1. Minhoca – Até 10 corações
Pode parecer estranho imaginar que uma criatura tão simples como a minhoca possua mais corações que um ser humano, mas é verdade. Na realidade, o que ela tem não são corações exatamente como os nossos, e sim cinco pares de arcos aórticos, totalizando 10 estruturas que funcionam como bombas.
Esses arcos envolvem o esôfago e se contraem ritmicamente, ajudando a manter o sangue em circulação em seu corpo segmentado. Diferente do nosso sistema circulatório fechado e altamente centralizado, o das minhocas é mais distribuído, o que as torna capazes de manter a circulação mesmo em ambientes subterrâneos, com baixa oxigenação.
Essas estruturas são vitais para a sobrevivência desses anelídeos, especialmente porque as minhocas não têm pulmões e respiram pela pele. Uma boa circulação sanguínea é crucial para transportar oxigênio e nutrientes ao longo de seu corpo.
Curiosidade: mesmo sem um coração convencional ou cérebro altamente desenvolvido, as minhocas têm sistemas sensoriais eficientes e um papel ecológico essencial — elas são verdadeiras engenheiras do solo.
2. Polvo – 3 corações
Quando falamos de animais com múltiplos corações, o polvo é o mais famoso. Ele possui três corações com funções distintas, o que o torna um exemplo clássico de adaptação evolutiva aos ambientes marinhos.
Veja como eles funcionam:
- Dois corações branquiais: bombeiam o sangue para as brânquias, onde ocorre a oxigenação.
- Um coração sistêmico: envia o sangue oxigenado para o restante do corpo.
Essa divisão permite que o polvo otimize a circulação em ambientes com baixo teor de oxigênio — como os fundos oceânicos onde vive. Seu sangue, aliás, é azul, pois contém hemocianina, uma proteína rica em cobre que transporta oxigênio de forma mais eficiente em águas frias e pobres em oxigênio.
Outro fato fascinante é que, quando o polvo está nadando, seu coração sistêmico para de bater. Isso faz com que o nado consuma muita energia. Por isso, ele prefere se arrastar pelo fundo do mar, onde o gasto energético é menor.
Curiosidade: além de três corações, o polvo tem um cérebro distribuído entre seus braços, podendo até “pensar” com eles de forma autônoma.
3. Barata – 13 câmaras cardíacas
As baratas são animais incrivelmente resistentes, e parte dessa resistência vem de seu sistema circulatório. Embora não possuam um coração dividido em múltiplos órgãos, elas têm um coração tubular com 13 câmaras segmentadas, cada uma capaz de bombear a hemolinfa (o fluido semelhante ao sangue nos insetos) de forma relativamente independente.
Esse tipo de coração faz parte do sistema circulatório aberto típico dos artrópodes. Nele, a hemolinfa não circula por vasos fechados como no caso dos vertebrados, mas é bombeada livremente sobre os órgãos internos.
A estrutura em 13 segmentos oferece uma vantagem interessante: mesmo que uma parte do “coração” seja danificada, as demais câmaras podem continuar funcionando. Isso dá à barata uma impressionante resiliência fisiológica, o que contribui para sua fama de sobreviver a quase tudo — até mesmo a radiações e ambientes hostis.
Curiosidade: as baratas não precisam do coração para viver por alguns dias. Elas podem sobreviver até uma semana sem cabeça, morrendo apenas por falta de água.
Por que alguns animais têm mais corações?
A presença de múltiplos corações ou estruturas equivalentes não é um capricho da natureza, mas uma resposta direta aos desafios ambientais. Animais que vivem em solos úmidos, como minhocas, ou em ambientes de baixa oxigenação, como polvos e baratas, precisam de sistemas circulatórios mais adaptáveis e eficientes.
Essas adaptações mostram como a evolução encontra caminhos únicos para manter a vida mesmo nas condições mais adversas. Múltiplos corações são apenas um dos exemplos de como a biologia pode ser surpreendente e funcional ao mesmo tempo.
A natureza nunca deixa de surpreender. Minhocas com 10 “corações”, baratas com 13 câmaras cardíacas e polvos com três corações bem distintos são apenas alguns exemplos de como a vida se adapta de forma engenhosa. Cada um desses animais tem sua própria maneira de manter o sangue — ou a hemolinfa — circulando, garantindo a sobrevivência em ambientes extremos.
Então, da próxima vez que pensar em corações múltiplos, lembre-se: o polvo pode ser famoso, mas ele está longe de ser o único com esse tipo de superpoder.
Se você achou curioso o polvo ter três corações, espere até descobrir que há animais que vivem sem oxigênio!
E sabia que um tubarão da Groenlândia pode viver mais de 400 anos? A natureza está cheia de criaturas que desafiam a lógica — como os animais mais rápidos do mundo, que usam velocidade como arma de sobrevivência.
Essas adaptações incríveis mostram como a vida encontra formas únicas de prosperar, mesmo nos ambientes mais extremos.
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Referências
Smithsonian Magazine – curiosidades sobre os polvos, incluindo seus três corações, sangue azul e inteligência incomum.
Fonte: Smithsonian Magazine
World Atlas – lista de animais que possuem mais de um coração.
Fonte: World Atlas
Science Learn NZ – mapa interativo mostrando a anatomia da minhoca, incluindo seus cinco “corações”.
Fonte: Science Learn NZ
Vedantu – explicação sobre o coração do inseto, destacando as 13 câmaras do coração da barata.
Fonte: Vedantu
Britannica – razões para admirar os cefalópodes, incluindo suas habilidades biológicas únicas.
Fonte: Britannica
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